About me

About

2012-05-21

Ferramentas Linux, UNIX (1/2)

Como utilizador veterano de Linux (e outros sistemas Unix no passado, não tanto agora) fui adoptando um grande número de ferramentas ao longo dos anos. Deixo uma pequena lista de alguns dos que mais uso e/ou considero interessantes, para não se tornar exaustiva. Ficaram de fora alguns dos tradicionais comandos de Unix (sed, awk, cat, dd, find, grep, …), software servidor (apache, samba, …) ou outros demasiados específicos.

Aviso: é natural que as minhas raízes command line se revelem um pouco.

Comunicações mundanas

  • firefox – o meu browser. Há outros, bons, como o opera, chrome, mas é este que uso já desde o tempo do monolítico netscape.
  • thunderbird – o meu interface de mail. Mais um do projecto mozilla, favorito de longa data.
  • pidgin (ex gaim)instant messenger com vários protocolos suportados. Pode não suportar as funcionalidades mais avançadas de outros talkers específicos, mas centraliza as comunicações do tipo IM e serve para o uso que lhe dou (pouco).

Networking

  • stone – um excelente repetidor tcp/ip. stone proxy 8888 e tenho um proxy http lançado no porto 8888. Suporta mais protocolos e esquemas de repetição.
  • iperf – qual é a largura de banda entre dois pontos de rede?
  • netcat – cliente/servidor tcp/udp flexível. Um clássico, mas que ainda hoje uso. Servidor: nc -l -p 8888, cliente: echo ola | nc 127.0.0.1 8888. Para determinar rapidamente o contéudo de um pedido http:

    [edit /etc/hosts "127.0.0.1 mysite"]
    nc -l -p 80
    [browse to http://mysite/urlpath]
  • tcpdump – mostra o que passa num interface de rede. O avozinho deste tipo de ferramentas, com interface totalmente baseado na linha de comando, dispõe de um flexível mecanismo de filtros.
  • wireshark, ex ethereal – um tcpdump em modo gráfico. Captura e analisa os pacotes de rede.
  • nmap – mais do que um port scanner, isto é um autêntico canivete suíço de rede. De vez em quando uso o nmap -sV -O ip para tentar descortinar um pouco do que se está a passar, mas hoje em dia isto foge ao meu trabalho típico. A suite nmap inclui outros utilitários interessantes como o ncat (inspirado pelo netcat referido acima), ndiff e nping.
  • curl, wgetdownload de URLs (ftp e http) da linha de comando. O curl é mais completo, permite fazer upload, suporta autenticação ntlm. O wget aceita vários URLs e funciona em modo recursivo. Complementam-se bem.
  • ncftp, lftp – há cada vez menos coisas em ftp que não estejam disponíveis por http, mas quando é preciso, estes dois continuam a ser bons clientes ftp interactivos.
  • rsync – inicialmente o objectivo do rsync era fazer transferências por rede optimizadas, i.e. permitia transferir apenas um conjunto mínimo de diferenças entre a origem remota e o destino local (ou vice versa), reconstruindo a mesma imagem no destino. Mas com o tempo, usar o rsync para copiar de qualquer sítio para qualquer sítio tornou-se um vício.

    # actualiza em dest os conteúdos de source
    rsync -av --delete /a/b/source /x/y/dest 
    
    # envia os meus dados para o servidor, via ssh, com compressão, 
    # restringindo a largura de banda usada a 50KB/s, para não me 
    # estrangular a minha ligação de rede
    rsync -Pav --delete ~/stuff/. host:/stuff/. -e ssh -z --bwlimit=50
  • cntlm – quando a Microsoft decidiu implementar um mecanismo de segurança proprietário, NTLM, sem qualquer documentação, nem suporte fora de Windows, o resto do mundo ficou às escuras. Nos sítios em que se usavam proxies com autenticação NTLM isso significava não ter acesso a nada. Felizmente alguém com tanto de generosidade como de genialidade fez o reverse engineering desse protocolo e implementou um proxy que se autenticava via NTLM num MS Proxy Server. Esse proxy era o NTLM Authorization Proxy Server, escrito em python. Mais tarde apareceu esta versão em C que trouxe algumas melhorias e funcionalidades. Exemplo real de utilização:

    # cria um proxy http anónimo no porto 5866 que se autentica e usa o 
    # proxy windows NTLM_PROXY no porto 80 
    cntlm -g -d DOMAIN -u USER -p PASS -l 5866 NTLM_PROXY:80
  • w3m, links2w3m é, para mim, o melhor browser em modo texto. Também funciona como paginador e até suporta tags. As outras incarnações de browsers texto (lynx, links, elinks) nunca me convenceram, excepto o links2 que adicionou suporte javascript e gráficos (links -g). De vez em quando dão jeito.

Gráficos, diagramas

  • PlantUML – a partir de uma simples descrição textual o plantuml gera diagramas UML de sequência, casos de uso, classes, actividade, componentes, estado e objectos. Muito útil para documentar rapidamente fluxos e processos.

    @startuml cache.png
    title padrão usual de cache
    
    (*) --> "cache get"
    if "hit?" then
            --> [yes] (*)
    else
            -> [no] "source get"
            --> "cache set"
            --> (*)
    endif
    
    @enduml
    —>diagrama actividade
  • yUML – ferramenta online com um conceito semelhante ao plantuml. Os gráficos têm melhor qualidade, contudo.
  • graphviz – conjunto de ferramentas para produzir todo o tipo de diagramas, a partir de especificações textuais. Útil para gerar diagramas programaticamente.
  • Pencil – um poor man’s visio que funciona como extensão do firefox ou standalone (é uma aplicação XUL). Surpreendemente funcional! O “Sketchy GUI” é excelente para prototipar mockups.
  • ImageMagick, GraphicsMagick – ImageMagick é uma suite de utilitários para processar imagens da linha de comando, embora também inclua o display que é um utilitário gráfico. Assim, tarefas como converter entre formatos, alterar resoluções, aplicar efeitos ou outras operações em imagens está à distância de usar o nosso mecanismo de automatização preferido a envolver isto. Exemplo em shell+awk para re-escalar todas as imagens para 800x600:

    # confirmar se está tudo ok
    ls *.png *.jpg | awk -vR=800x600 '
      function f(s) {sub(".[^.]*$", "_" R "&", s);return s} 
      {printf "convert -geometry %s \"%s\" \"%s\"\n", R, $0, f($0)}'
    
    # executar
    ls *.png *.jpg | awk -vR=800x600 '
      function f(s) {sub(".[^.]*$", "_" R "&", s);return s} 
      {printf "convert -geometry %s \"%s\" \"%s\"\n", R, $0, f($0)}' | sh -x

    O GraphicsMagick foi um spin-off do ImageMagick feito em 2002 que reivindica ser melhor. Independentemente das pretensões dos autores, uma coisa que eu prefiro no GraphicsMagick é o uso do comando gm como driver dos outros subprogramas (gm convert, gm identify, …).

  • pinta – finalmente um programação de edição gráfica simples, funcional e usável, que funciona em Linux.

2012-05-20

As pessoas são recursos?

O uso do termo “recurso” como designação de pessoa tem-se vindo a generalizar e banalizar. Mas são as pessoas recursos?

Um recurso é algo do qual se faz uso para um propósito. Como recurso é indistinguível face a outros equivalentes ou iguais. Por exemplo, posso trocar um carro por outro modelo igual sem perda de funcionalidade ou necessidade de adaptação.

Ora as pessoas não têm “modelos iguais”. Se assim fosse não eram precisas entrevistas no processo de contratação, bastava consultar a ficha técnica da pessoa. Não era preciso haver período experimental, ou outros expedientes usados devido à individualidade de cada ser humano.

O próprio lugar-comum “a maior riqueza são as pessoas” enferma de uma contradição na asserção pessoa-recurso. Se as pessoas se trocam facilmente enquanto recursos, não constituem maior riqueza que os outros recursos da empresa, como instalações, veículos, etc.

Resumindo: uma pessoa é um ser humano, não é um recurso.

Por incrível que pareça há pessoas que têm dificuldade em tratar as outras pessoas por… pessoas.

Notas:

  • a expressão “recursos humanos” faz sentido enquanto designação de uma área comportamental ou organizacional;
  • a expressão “recurso humano” não faz sentido para mim.

Outras leituras:

2012-05-08

ACK, um grep para programadores.

Por vezes bastam pequenas ideias para nos melhorarem a vida, e o ACK é um desses casos. Quantas vezes não sentimos necessidade de fazer coisas como:

find ! -path \*/.svn\* -print0 | xargs -0 grep foo

ou outras artimanhas do género? O ACK resolve este problema: é um grep que exclui à partida padrões com reconhecido desinteresse. Adicionalmente possui mais umas poucas opções extras de conveniência. É escrito em perl mas é rápido q.b. e bastante prático de se usar.